Quem não se rende aos encantos e beleza das singelas e efêmeras borboletas ou mariposas? Quem não se surpreende com a força e aconchego dos panos que embalam e acalmam os bebês?
Em 2010, eu Natália, fui trabalhar como engenheira em uma obra rodoviária na África. Durante minha estadia ganhei alguns presentes bem singulares. Recebi um vestido estampado com propaganda eleitoral, ganhei dois bagres africanos vivos (sim, o peixe venenoso) e ganhei alguns quadros feitos com asas de borboletas.Por mais polêmico que seja o assunto, eu não podia deixar de ver a dura beleza que ele retratava, mulheres carregando seus bebês, enquanto faziam suas atividades cotidianas. Por que queriam seus filhos perto? Por que não tinham com quem deixar? Por que os pais não dividiam as tarefas? Por necessidade? Por continuidade de uma cultura? Pela praticidade? Por vontade? Por que sim? Esse foi meu primeiro contato com carregadores. O “berço” do mundo, ou melhor, carregador… uma vez que não somos mamíferos de ninho.
Esse quadro me foi dado por uma pessoa muito querida que sabe do meu fascínio com as borboletas. Entretanto, foi chocante para mim ter um quadro desses em mãos. Pesquisei sobre esse tipo de arte e hoje eu prefiro acreditar que elas já estivessem mortas, conforme me foi contado.
Além dos quadros, trouxe algumas bonecas africanas carregadeiras e ficou guardado o desejo de saber mais sobre carregadores de bebês.
Quando engravidei, comecei meus estudos sobre parto humanizado, exterogestação e criação com apego. E no pacote… claro, slings. Quanto mais lia mais meus olhos brilhavam.
Li sobre os bebês humanos, que nascem imaturos comparados a outros animais. Na fragilidade de um RN e sua dependência da mãe (ou principal cuidador). A importância do contato, do pele a pele, do colo. Pensei na lagarta, um ser já formado, mas limitado, que precisava de um ambiente seguro para adquirir novas habilidades.
Lembrei da lição da borboleta, lida anos antes. Recordei que a borboleta tem o momento certo de sair do casulo e necessita de respeito ao seu ciclo. Requer cuidado assertivo para conquistar autonomia. Logo me veio a mente as conversas com meu obstetra, sobre o tempo do bebê, sobre o respeito ao nascimento, sobre as consequências das minhas escolhas.
E quando eu me desfiz do quarto de televisão eu compreendi no ambiente montessoriano que eu montava, a oportunidade de crescimento do meu filho sem tanta interferência minha, na segurança que eu passava ao possibilitar que ele explorasse o ambiente e tivesse evolução por seu próprio esforço, seu próprio ritmo.
Foi nessa época que eu resgatei meu quadro. O quadro que eu sentia receio de mostrar para alguém, agora era destaque na minha sala, não pelas borboletas mortas, mas pela vida que elas me mostravam. Eu ia levar meu filho comigo.
Eu que até então não sabia como conciliar meu trabalho de engenheira viajante com a maternidade, percebi naquele quadro um novo caminho. E uma nova etapa surgiu. Eu me cerquei de pessoas maravilhosas e estudei. Investi no que me dava prazer e ânimo.
Estudando sobre a fabricação de tecidos, teares, tramas e fios eu me apaixonei pela seda. Considerada “a rainha das fibras”, ela hoje é meu sonho. Tecelões silenciosos, elaboram com seu casulo um fio que a ciência não é capaz de replicar.
Ainda estudando tecidos, eu me deparei com os repassos mineiros. Me entreguei aos gráficos initelegiveis. Bebi da fonte inesgotável de experientes artesãos e sonhei com crianças envolvidas com laranjas partidas e siriguias.
Eis o mistério das coisas, nesse emaranhado de estudos e gente de toda a sorte que eu conheci e me fiz amiga, eu criei ao meu redor o meu próprio CAZULIM e com esse fio tão rico fiz minha própria trama.
Unindo as raízes do artesanato mineiro em seu tear, com os conhecimentos de engenharia e a paixão pela cultura ancestral de carregar, com a autonomia que ela confere a mulher moderna teve início a vontade de fazer carregadores de tecido plano de qualidade e beleza, capaz de se tornarem referência no mercado nacional.
Porque se é pra sonhar… que seja tão alto e lindo quanto o vôo das borboletas.
Desde então, os dias são pequenos para tanto estudo e trabalho.
A Cazulim quer proporcionar a você um experiência leve e cheia de beleza.
Um carregar seguro e amoroso para todo nós.